Zissou, startup do sono, terá novo aporte da Fast Shop e mira Geração Z

Empresa que opera com conceito bed in a box recebe R$ 10 milhões de investidores, ampliará portfólio com produtos com maior recorrência e prevê 10 novas lojas

 

Sócios Zissou

 

A indústria do bem-estar ganhou relevância com a pandemia, que acelerou uma tendência que já estava em curso. Dois de seus pilares estão em evidência e geram oportunidades há mais tempo: a alimentação e a atividade física. Mas há um terceiro tão importante quanto e cujos negócios estão em estágio menos avançado. É o ramo do sono.

 

Mas esse mercado está em transformação. Um dos representantes da indústria crescente é a Zissou, startup de colchões e outros produtos para o sono fundada em 2017 pelos empreendedores Amit Eisler, Andreas Burmeister e Ilan Vasserman.

 

A Zissou anuncia nesta terça-feira, dia 15, um aporte de R$ 10 milhões liderado pela Fast Shop, uma das maiores redes de eletroeletrônicos e produtos para casa do país, que já era acionista desde 2019. Além disso, passará a ter os seus colchões, até então importados dos Estados Unidos, fabricados em uma nova planta em Minas Gerais pela americana Leggett & Platt, uma das mais tradicionais e maiores fornecedoras de mola ensacada do mundo.

 

O principal produto da Zissou é um colchão premium que funciona com o conceito bed in a box, ou literalmente cama na caixa. Graças a uma tecnologia que envolve compressão e embalagem a vácuo, o produto fica com um quinto do tamanho original e cabe em uma caixa com um metro de altura, o que não só facilita o transporte até a casa do cliente como reduz uma das principais fontes de custos da mercadoria.

 

A experiência inclui o direito a um período de cem dias para teste, no qual o cliente pode desistir da compra caso se arrependa. Tudo isso somado, o NPS (Net Promoter Score, principal métrica de satisfação do consumidor no mercado) da Zissou fica acima de 90 pontos, ante uma média de 66 do varejo.

 

A inspiração é a americana Casper, uma empresa com receita anual de mais de US$ 600 milhões que revolucionou esse mercado em seu país, lançando o modelo bed in a box e também com venda direta ao consumidor.

 

A Zissou, por sua vez, está com um run rate (projeção da receita anual a partir dos números atuais) de R$ 25 milhões e planeja dobrar de tamanho até o fim de 2022 com negócios que serão alavancados pelo capital aportado.

 

Os recursos serão utilizados em duas frentes: lançamento de produtos com o mesmo conceito de tecnologia embarcada, como pijamas e luminárias, mas com desenvolvimento de terceiros. É um portfólio que hoje conta, além dos colchões, com travesseiros modulares, lençóis com polpa de bambu e camas para pets, todos com P&D (pesquisa & desenvolvimento) proprietário.

A outra frente é a de expansão das lojas físicas, com a abertura de dez novas unidades, que vão se somar às duas já existentes na cidade de São Paulo, uma delas a Casa Zissou, nos Jardins.

Na frente de produtos, o objetivo é a formação de um ecossistema de marcas de sono. "Hoje trabalhamos com produtos de alto valor agregado e uma recorrência menor. Um brasileiro troca de colchão em média a cada sete anos. Vamos focar também em produtos com tecnologia, como IoT [Internet das Coisas], e alto giro", disse Ilan Vasserman à EXAME.

 

"Vamos usar a força de marca da Zissou e a capilaridade da Fast Shop e da hotelaria para oferecer a nossa experiência em produtos de maior recorrência, ampliando o lifetime value", afirmou o sócio, que responde pelas áreas de estratégia e marketing, em referência ao valor gerado pelo cliente ao longo de sua jornada com a companhia.

 

Segundo ele, a Zissou funcionará como plataforma para novos produtos com tecnologia dentro da temática do sono, alguns dos quais em parceria com startups do exterior. Ele destacou que já houve colaboração com a Amazon envolvendo a Alexa e o Kindle.

 

GERAÇÃO Z NA MIRA

 

A startup opera no modelo omnichannel, com venda digital direta ao consumidor, que dispensa intermediários e responde por 70% do total; e o canal físico, com as duas unidades próprias, a presença em mais de cem lojas da Fast Shop e em redes de móveis e decoração para o público de média-alta renda, como Breton e Ornare.

 

"Temos uma conexão muito forte com a Geração Z e com pessoas que estão em momento de transição de vida e engajam com a nossa marca, mas que não são hoje consumidoras. Vamos lançar produtos voltados para esse público, com a mesma atenção a qualidade e tecnologia, mas preço mais acessível", afirmou Vasserman.

 

É um público estimado em 23 milhões de pessoas em idade economicamente ativa, o que vai ampliar o mercado endereçável para a companhia.

 

Segundo o cofundador da Zissou, a nova fábrica da Leggett & Platt vai permitir a produção não só do colchão para esse perfil de consumidor como também gerar ganhos em capital de giro e no time to market de futuros itens.

 

O lançamento de colchões mais acessíveis não significa, no entanto, uma mudança no posicionamento premium, que continua a ser o diferencial da marca, a tal ponto que os modelos foram adotados pelos hotéis do Fasano.

 

Além disso, no ano passado, a Zissou conseguiu crescer na contramão da indústria de colchões em boa parte graças ao lançamento de um modelo super premium, o Blue, com preço de até R$ 15.000. O modelo com látex que absorve as ondas de movimento, suporte extra com molas ensacadas individualmente e revestimento em tecido de alta condutividade térmica, que refresca a superfície do colchão, respondeu por 60% da expansão da empresa.

 

No modelo de colchão mais vendido da startup, da linha Coral, os valores partem de cerca de R$ 4.000 para uma cama de solteiro e de cerca de R$ 5.000 para uma de casal. Ele conta com características como tecido premium altamente respirável e polietileno para prevenir o aquecimento do corpo e teve desenvolvimento próprio.

 

Além da Fast Shop, a startup conta com investidores que são consumidores da marca e aconselham em suas respectivas áreas de expertise, como Alice Coutinho, fundadora da NewStyle, do Grupo ABC, Fabien Mendez, cofundador e CEO da Loggi, César Pinela, empreendedor, investidor e membro do conselho de empresas de tecnologia, Maurício Benvenutti, sócio da StartSe, Gregory Goldfinger, cofundador da GoldKo, bem como os fundadores da gestora Atmos Capital.

 

Matéria escrita por Marcelo Sakate

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